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A miopia das lideranças
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Muito se fala, e se escreve, sobre o que deve fazer e como deve ser um líder de sucesso. Mas pouco se fala sobre como alcançar tantas competências e habilidades num mundo de rápidas transformações. A primeira questão que se coloca é a seguinte: Qual é sua formação? Esta questão é, em grande parte, responsável pela qualidade e alcance de visão do líderes.
Os empreendimentos e os negócios de qualquer natureza, para sobreviverem num mercado globalizado altamente instável, necessitam de visão, foco e estratégias precisas. Optei por não descrever a importância da estrutura e da tecnologia, até mesmo porque a verdadeira liderança é capaz de superar algumas carências materiais.
Sabemos que a missão do líder vai muito além de ser um bom estrategista. Mais do que isso, ele deve ter a capacidade de fazer a estratégia acontecer. Mais do que isto, ainda, as ações por ele promovidas devem corresponder aos desejos e às necessidades de seu time de comando, pois e através da adesão ao líder que a liderança se realiza.
O exercício da liderança exige deste profissional muito mais do que um bom currículo acadêmico e muita experiência. Além dos conhecimentos técnicos, das capacidades analíticas e das habilidades de direção, a força atribuída a um líder está em sua "vida interior", revelada na sua maneira de ser e de agir, nas suas paixões, segurança, esquissado, visão criativa, obstinação por uma idéia, uma causa ou projeto, ousadia para inovar e mudar, suportar frustrações, persuadir, cativar, seduzir e exigir, entre outros atributos pessoais.
Estou falando de um conhecimento e de uma demanda "interior" do ser humano, também denominada vida mental, desconhecida pela grande maioria dos profissionais.
Esta vida mental, este universo psíquico tão desconhecido e desqualificado nos nossos sistemas educacionais, está por trás dos pensamentos e das ações de um indivíduo, ao mesmo tempo em que é responsável pela sua relação com o mundo exterior. A vida mental estabelece áreas e possibilidades de conexões entre o imaginário (o mundo das idéias) e a realidade (o mundo das experiências vividas, concretas e palpáveis) - onde se origina o conhecimento.
A aquisição de competências e habilidade psicológicas depende de processos de desenvolvimento e elaboração psíquica, adquiridos com as experiências vividas, e não imaginadas. Essas vivências podem, e devem, ser promovidas, dirigidas de forma planejada e deliberada e não, como vemos hoje em dia, ser deixada à mercê do acaso (o tempo se encarrega), do bom senso (feeling) ou da força de vontade.
Nossa educação, formal e informal, se preocupa - e privilegia ostensivamente - o desenvolvimento biológico e intelectual das crianças, até antes de seu nascimento. Mas não se preocupa - e portanto deixa ao acaso -, chegando até a ignorar, seu desenvolvimento psicológico.
Como conseqüência desse descaso, nossa cultura produz indivíduos, na sua grande maioria, amadurecidos física e intelectualmente, mas imaturos do ponto de vista psicológico, e essa maturidade se revela no comportamento do "profissional adulto, principalmente no que se refere a ética, responsabilidade, visão imediatista, autoritarismo entre outros.
Quem cuida da maturidade profissional na empresas? Daí surge outra questão: Como administrar e cuidar do que não se conhece?
O que quero dizer, em suma, é que os líderes, mais do que qualquer outro profissional, tem que ter uma formação excepcional e diferenciada, uma vez que sua missão se realiza, apenas e tão-somente, através das relações humanas.
Tudo o que ele deve saber e entender é de GENTE. Assim, a prioridade na formação de um líder é seu grau de auto-conhecimento e seu nível de maturidade psicológica.
Mais do que simples mudanças comportamentais, esses processos desencadeiam atitudes e posturas que, por sua vez, se multiplicam e revelam um perfil diferenciado de liderança, além de uma organização diferenciada no mercado.
Quando a formação dos líderes considerar a importância do mundo mental e passar a promover seu conhecimento, a miopia das lideranças estará, por fim, sendo corrigida.
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