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Empresas tentam produzir executivos
com perfil global
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Fonte: Jornal "O Estado de São Paulo"
Por David Woodruff - Repórter do The Wall Street Journal
Motorola faz treinamento em vários países para aperfeiçoar a prata
da casa.
As multinacionais para se tornar onipresentes, as grande empresas
globais estão se deparando com uma escassez de executivos preparados
para esse desafio. E a solução aparentemente mais viável tem sido
investir em treinamento específico para criar as habilidades necessárias
a um executivo global - e não só no país sede, mas também em outros
mercados importantes.
É o que centenas de executivos da Motorola Inc. ao redor do mundo
estão fazendo. Eles irão passar por um programa de treinamento nos
próximos meses como parte de um grande esforço da companhia de identificar
e avaliar os administradores internacionais de amanhã.
A Motorola não está sozinha. À medida que empresas que vão desde a
Cisco Systems Inc. à Renault S/A cruzam fronteiras para fazer aquisições
e expandir suas operações, a demanda por funcionários com experiência
no gerenciamento internacional está crescendo exponencialmente.
Em um mercado de trabalho apertado, candidatos com credenciais globais
estão especialmente em falta. Para evitar erros caros, muitas companhias,
como a Motorola, resolveram confiar primariamente em talentos criados
dentro da própria corporação. Elas estão usando testes psicológicos
e simulações de trabalho para selecionar os candidatos internos de
maior potencial. Algumas, como a ABB Ltd., de Zurique, fazem avaliações
profundas de recém-formados em escolas de administração para escolher
um grupo de elite que é imediatamente enviado a missões no exterior.
"Existe uma carência de talentos administrativos em muitos dos mercados
nos quais operamos", diz Kelly Brookhouse, uma psicóloga industrial
que dirige o programa de desenvolvimento de executivos da Motorola.
"Nós descobrimos que precisamos desenvolver a nossa próxima geração
de administradores."
Para as empresas que falham em construir uma equipe de administradores
globais competentes, as conseqüências podem ser desastrosas. Decisões
precipitadas podem levar a prejuízos multimilionários, com produtos
fracassando e campanhas de marketing indo na direção errada. De fato,
a estratégia da Motorola foi criada depois de caros erros cometidos
quando a companhia começou a se aventurar fora de seu mercado tradicional
na América do Norte. O fracasso mais espetacular: os sistema telefônico
Iridium, que usava uma rede de satélites para oferecer serviços globais
e que papou investimentos de US$ 6 bilhões - US$ 3,5 bilhões dos quais
dos cofres da Motorola - antes de ser fechado no ano passado.
Os custos com pessoal também são altos. Os especialistas de recursos
humanos dizem que pelo menos metade dos administradores enviados em
missões no exterior passam por sérias dificuldades, em sua maioria
na adaptação a uma nova e diferente cultura. Tais problemas podem
atravancar carreiras promissoras. "Não fazemos um bom trabalho na
seleção de profissionais para missões no exterior", diz Sir Brian
Pitman, presidente do conselho do banco inglês Lloyds TSB Group PLC.
Em um caso, por exemplo, o banco enviou um jovem e brilhante executivo
à Argentina, diz ele. "O jovem durou apenas uma semana no trabalho",
diz Pitman. "Ele simplesmente não conseguiu se encaixar."
Cada vez mais, no entanto, empresas estão ficando mais criteriosas
na escolha de quais executivos serão promovidos, especialmente quando
os enviam para um trabalho em outro país. As ferramentas de avaliação
de trabalhos no exterior existem desde a Segunda Guerra Mundial, quando
os programas de treinamento dos ingleses e americanos começaram a
usar uma série de testes de inteligência e personalidade. O processo,
incluindo exercícios de simulação desenhados para gerar reações do
indivíduo a problemas do mundo real, são a base de alguns programas
de avaliação de administradores usados hoje.
Os testes de simulação normalmente requerem que vários assessores
treinados participem, e é comum que empresas reunam profissionais
em uma central de avaliação para provas que podem durar de um dia
a três semanas. O teste da Motorola com base na Internet foi desenvolvido
pela firma de consultoria de recursos humanos Aon Consulting Worldwide
e pode ser administrado remotamente em qualquer país.
A Motorola está criando um programa piloto para o novo procedimento
na China, onde a carência de talentos administrativos é grande. Mais
de 150 profissionais no país terão de passar por testes até o fim
do ano, diz Brookhouse.
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