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Diploma não é tudo - talento vale mais do que uma faculdade

Fonte: Revista EXAME
Robert J. Samuelson



Todo mundo pensa que a faculdade é essencial para o sucesso econômico de cada um. Quanto maior o prestígio da faculdade, maior o sucesso. Pessoas que possuíssem as mesmas habilidades se sairiam melhor e ganhariam mais caso se formassem em escolas de elite. Os bons resultados seriam decorrentes dos contatos melhores, dos colegas mais inteligentes, dos cursos e dos professores mais qualificados.

Nem sempre isto é verdade.

Estudar em Harvard ou na Universidade Duke, nos Estados Unidos, não resulta automaticamente em empregos ou salários melhores. Os estudantes formados nessas escolas geralmente se saem bem. Mas o sucesso é decorrente de seu talento. Se estudassem em faculdades de prestígio menor, talvez tivessem o mesmo desempenho.

As provas disso são apresentadas num estudo de Alan Krueger, economista na Universidade Princeton, e Stacy Berg Dale, pesquisadora da Fundação Andrew W. Mellon. As pesquisas anteriores a seu estudo haviam concluído que os alunos formados em faculdades de elite têm renda que supera suas habilidades naturais. A vantagem chegaria de 3 % a 7 % . Ou seja se você ganha R$ 70.000 você estaria com alguma coisa ao redor de R$75.000 anuais.

Mas Dale e Krueger desconfiaram que até mesmo essa pequena vantagem pode não passar de erro estatístico. A questão, dizem, é que "os estudantes aceitos em escolas de elite talvez possuam capacidade maior de ganhos, independentemente de onde estudem".

As qualidades que os ajudam a ingressar nessas faculdades "talvez sejam as mesmas que são premiadas no mercado de trabalho". Que qualidades ? Disciplina, imaginação, ambição, perseverança, maturidade, uma dose de habilidade excepcional.

Os dois pesquisadores estudaram o desempenho dos calouros que haviam ingressado em 34 faculdades em 1976.. Eles listaram quais faculdades aceitaram e quais rejeitaram esses estudantes. Também levantaram quanto os estudantes vieram a ganhar mais tarde. Os homens formados por essas escolas e que tinha emprego em tempo integral ganhavam em média 89 026 dólares, e as mulheres, 76 859 dólares.

Dale e Krueger traçaram comparações entre os alunos aceitos e os rejeitados pelas mesmas faculdades. A teoria era que os responsáveis pela admissão classificavam os estudantes segundo determinadas qualidades pessoais, desde maturidade até ambição. Os estudantes que obtivessem resultados semelhantes na pesquisa possuiriam qualidades semelhantes. Em seguida, Dale e Krueger compararam os ganhos atuais desses estudantes, sem levar em conta onde estudaram. Não havia diferença entre eles.

É provável que a explicação para o fato seja simples. Os estudantes conseguem obter uma boa formação na maioria das faculdades, desde que se esforcem para isso.

"Um estudante inteligente que estuda numa escola de nível inferior pode encontrar outros estudantes inteligentes com quem compartilhar os estudos".

Do mesmo modo, mesmo as escolas de elite, também têm alunos pouco inteligentes e pouco esforçados.
Uma vez no mercado de trabalho, a faculdade em que você se formou pode fazer diferença por algum tempo. No início da carreira, um diploma de uma universidade de elite pode causar boa impressão. Depois disso, porém, o que a pessoa sabe fazer passa a valer mais. As pessoas desenvolvem habilidades, conquistam reputações. Entre uma pessoa competente formada em Podunk e uma incompetente de Princeton, as empresas darão preferência à primeira.

Se você não consegue aproveitar o que Princeton tem a lhe oferecer, Princeton não vai adiantar nada. O que o aluno leva à faculdade é mais importante do que aquilo que a faculdade dá ao aluno. Essa lição vale para muito mais do que apenas universidades. Principalmente se estas deixam às vezes a desejar.


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